segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Esturjão, um peixe de luxo!

"O esturjão-comum é precioso, por vários motivos: em termos evolutivos, por existir há mais de 100 milhões de anos; em termos de conservação, por restarem poucas populações viáveis; e em termos gastronómicos, pelo caviar que dele provém."
Maria João Correia

Os primeiros registos fósseis do esturjão, Acipenser sturio, datam de há cerca de cem a duzentos milhões de anos atrás, tornando-os entre as espécies mais antigas de peixes actinopterígios*. Desde esse tempo, estes peixes sofreram muito poucas alterações morfológicas, indicando que a sua evolução tem sido excepcionalmente lenta e isto dá-lhes o estatuto informal de "fósseis vivos". Diversas espécies de esturjão são pescadas pelas suas ovas, através das quais se obtém o tão apreciado caviar, um bem de luxo que faz deste o mais valioso de todos os peixes capturados. 


Este é um peixe de grandes dimensões, que pode atingir cerca de 3,5 metros e pesar qualquer coisa como 300 kg. Ambos os sexos atingem a maturidade sexual muito tarde, podendo viver até 100 anos. 
O esturjão é uma espécie anádroma, ou seja, migra do mar para os rios, e reproduz-se em zonas de corrente rápida.


Esta espécie está praticamente extinta e as suas causas principais são a construção de barragens, a alteração dos caudais, a poluição e o esgotamento dos stocks devido a sobrepesca.

Desde 1982, que o esturjão é uma espécie protegida em todo o território da União Europeia, constando no Anexo II da Convenção de Berna.

Curiosidade:
O caviar é feito de ovas salgadas de ESTURJÃO. Elas precisam de ser retiradas do peixe ainda vivo num prazo máximo de 15 minutos para depois serem peneiradas, lavadas e secas.
Depois de ter caído por décadas em esquecimento, diz-se que o caviar foi introduzido pelo Zar Nikolay, na aristocracia Parisiense, aos finais do século XIX e no Irã devido a assuntos religiosos, a sua produção não chegou a formalizar-se até ao ano de 1952, ano em que fundou a sociedade estatal iraniana de Shilat, que continua sendo a única empresa que controla a pesca e posteriormente a sua comercialização.

*Classe de peixes com esqueleto ósseo propriamente dito.

sábado, 22 de janeiro de 2011

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Conheça os recifes de coral!

No oceano encontramos um dos maiores e mais diversos ecossistemas do mundo: os Recifes de Coral. A distribuição dos recifes de coral não é uniforme indiciando a existência de um gradiente de distribuição, principalmente dependente de factores ambientais, como a temperatura e salinidade.

Distribuição Mundial dos recifes de coral
 
Os corais constituem colónias coloridas e de formas espantosas que crescem nos mares e podem formar recifes de grandes dimensões que albergam ecossistemas com uma biodiversidade e produtividade extraordinárias. Os recifes de coral abrigam cerca de 25% do total das espécies marinhas, incluindo 5000 espécies de peixes e 1000 espécies de corais.

Por abrigarem uma extraordinária variedade de plantas e animais são considerados como o mais diverso habitat marinho do mundo. Estima-se que um único recife de coral pode abrigar, pelo menos, 3 mil espécies de animais. Os recifes de coral são também um dos ambientes mais frágeis e ameaçados do mundo.


Para além de serem uma das maravilhas do mundo, os recifes de coral possuem uma enorme complexidade e produtividade.
Para além dos corais, encontram-se uma enorme variedade de formas de vida que integram este ambiente.
É possível encontrar uma grande quantidade de espécies nos recifes de coral. E muitos destes organismos estabelecem relações de simbiose com os corais. A existência destas relações é uma das explicações para o facto dos recifes de corais serem tão complexos. Nestas relações existe vida em comum de dois organismos de espécies diferentes, havendo benefícios recíprocos e são originadas em grande parte, devido ao elevado número de espécies que habita num espaço muito limitado.


 Mas afinal de contas qual a importância dos recifes de coral?

A importância dos recifes de corais consiste no facto de corais constituírem um local de abrigo para muitas espécies, muitas delas de interesse económico. Fornecem ainda alimentos e constituem uma área importante de reprodução para uma grande variedade de espécies. Os recifes de coral servem ainda de habitat para mais de 25% de toda vida marinha. Para além da sua importância ecológica, os recifes têm uma enorme importância para o Homem especialmente a nível económico pois, associados aos manguais, representam a fonte de recursos pesqueiros para muitas comunidades. Assim, além de serem uma fonte importante de alimento, protegem o litoral contra a acção das ondas. Fornecem ainda uma protecção climática uma vez que os organismos fotossintéticos utilizam CO2 que por não ir para a atmosfera ameniza o efeito de estufa. Proporcionam empregos por meio do turismo e recreação marinha, além de outros incontáveis benefícios aos seres humanos, incluindo fontes de substâncias medicinais.

Os recifes encontram-se face a uma combinação de ameaças de exploração excessiva, de poluição e em especial, da mudança global do clima. Todas estas ameaças estão a aumentar, e as actividades humanas estão a causar a acelaração da mudança global do clima a níveis de taxas, que poderão tornar difícil a adaptação dos recifes de coral. 


 
E mais simples do que pode parecer protegermos os recifes de coral. Eís algumas das medidas:

1. Não comprando nenhum coral, conchas, carapaças de tartaruga, ou outros organismos marinhos à venda nas lojas ou nas praias e desencorajando também os seus amigos a fazê-lo;
2. Não lançando âncoras e redes de pesca sobre os recifes de coral;
3. Não tocando nos corais quando mergulhar; 
4. Não colhendo nenhum organismo quando mergulhar, por muito atractivo que ele possa ser;
5. Não caminhando em cima dos corais;
6. Não deitando lixo ou óleos combustíveis na água do mar;
7. Não utilizando venenos e/ou dinamite para pescar nos recifes e em qualquer outro lugar do mar;
8. Contribuindo para a demarcação dos recifes que precisam de ser geridos e protegidos de uma maneira especial;
9. Ajudando no estabelecimento de áreas de recifes de coral protegidos onde a sua pressão tem sido negativa e de alguma maneira, o recife precisa de recuperar; 
10. Ajudando os membros da sua comunidade a terem acesso à informação e a distribuirem a mensagem;
11. Os recifes de coral precisam de ser protegidos para que possamos tomar benefício de todo o alimento que eles produzem,  para que as costas possam ser protegidas e para que a indústria do turismo possa crescer.


 
Todos nós podemos contribuir para esta protecção!


Adaptado de UNL-FCT [Ecologia Marinha]

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Para reflexão...

“…Farei uma menção especial à espécie que mais necessita de protecção, a espécie humana, uma vez que as restantes têm a sorte de não se preocupar com o passado, o presente ou o futuro, simplesmente, vivem …
Nós, pelo contrário, não ‘vivemos’ no passado, nem o fazemos agora, e por este andar não teremos oportunidade de o fazer no futuro.
Todos iremos mais tarde ou mais cedo, mas o último exemplar de qualquer das espécies desaparecidas viveu os seus últimos dias com as mesmas ilusões que qualquer antepassado seu (alheio totalmente á sua realidade), enquanto muitos membros da nossa espécie vivem cada minuto da sua vida, com pesar. E não aprendemos a lição.
Para quem pense que estas palavras são pessimistas, lhes direi que, absolutamente, como humano sinto dor pela barbárie na qual vivemos, como animal tenho o mesmo sentimento que esse último de uma espécie extinta. Em qualquer caso, os centos de milhares de anos que a nossa espécie leva sobre este formoso planeta, são apenas um suspiro, dentro de outros tantos teremos desaparecido, com o pressuposto de que teremos levado connosco grande parte da vida do planeta, e noutro suspiro a vida terá voltado a criar todas essas espécies e muitas outras que nem podemos imaginar. È claro, pois, que só temos capacidade de nos auto-destruir, não de destruir a vida, algo que só pode fazer quem a criou.
Isto não é uma justificação para quem quiser destruir, é pôr a nossa espécie no sítio dela, no pódio dos perdedores, até que faça os deveres e aprenda a lição.”

Benjamín Sanz
 Extraído de “Huellas y rastros de los Mamíferos Ibéricos.”

sábado, 8 de janeiro de 2011

O atropelamento de animais selvagens nas estradas

Os atropelamentos de animais selvagens nas estradas são uma importante causa de mortalidade para várias espécies de animais em todo o mundo, sendo este um problema pouco ressaltado entre as questões que envolvem a ameaça das espécies. Mas, com o constante aumento das linhas viárias e do fluxo de veículos, este é um impacto que deve ser considerado.

As estradas são uma armadilha mortal, porque atraem os animais antes de os matar. Alguns deles, são atraídos para a estrada em busca de pequenos animais e insectos que também são atropelados pelos automóveis e servem de banquete para os seus predadores. Muitas espécies utilizam também as estradas nos seus deslocamentos diários, estando sujeitas a serem mortas. 

 
É verdade que as estradas são importantes para o País, mas precisam de ser mais bem planeadas, levando em conta o grande impacto ambiental que causam. Quando é inevitável que cortem áreas preservadas, medidas eficazes deveriam ser tomadas para amenizar esse dano. É importante que a sociedade seja esclarecida de que certos animais não cruzam estradas e as suas populações ficam isoladas para sempre, podendo levá-las à extinção em poucas décadas.

 
Experiências de outros países, mostram que é possível reverter esta situação. A Alemanha, onde estão as estradas ecologicamente mais correctas do planeta, combina cercas que impedem o acesso dos animais à pista, com viadutos pelos quais eles possam atravessar de um lado ao outro, sem terem de enfrentar os carros. Nos Everglades, a imensa área de pântanos ao sul da Flórida, nos EUA, as auto-estradas são suspensas nos trechos de maior concentração da fauna. Em outras regiões, vizinhas de parques nacionais, usam-se até aparelhos que emitem ondas ultra-sons para afastar os animais da estrada. Outra solução, mais simples e barata, adoptada no mundo inteiro, é estabelecer limites rigorosos de velocidade e punir motoristas infractores. Estas são medidas relativamente mais simples, que poderiam muito bem ser aplicadas e com um pouco de boa vontade e bom senso, seria possível pôr fim a esta tragédia.


 
Reduza esta estatística!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Pelicano Branco, um perito na pesca com “colher”

O Pelicano Branco, Pelecanus onocrotalus, é a espécie mais comum de pelicanos que se distribui pelo sudeste da Europa e Ásia.

Esta é uma grande ave aquática, medindo cerca de 1,6 metros de comprimento e 2,8 metros de envergadura e com uma massa de 10 kg. O pelicano tem as pontas das asas pretas e um bico enorme, de mais de 35 cm de comprimento, terminando em ponta. Em terra, esta espécie é desajeitada, mas nada e voa bastante bem. O pelicano é uma ave migratória que vive bem na água doce ou salgada. 
 
 









Os pelicanos têm uma técnica bastante interessante para pescarem… Tentam empurrar pequenos peixes para águas mais rasas e ali, usando o bico como uma colher, eles podem pescar quase dois quilos de peixe.

Nos desenhos animados, os pelicanos são mostrados carregando toda a espécie de objectos nos seus bicos, como carteiras, ferramentas e brinquedos. Mas a “bolsa” formada pela pele extensível sob o bico tem como objectivo apanhar peixes de variadas dimensões, servindo assim de “rede de pesca” quando o pelicano mergulha atrás de um cardume. Mas, de vez em quando, ela serve como “transporte" de peixes de um lugar para o outro. Outra utilidade da bolsa é oferecer alimento às crias de uma forma mais fácil. Esta “bolsa” tem normalmente três vezes mais capacidade que o seu próprio estômago.


Quanto à reprodução, a fêmea põe de um ou três ovos e os progenitores revezam-se na incubação durante cerca de 30 dias. Quando nascem, as crias são cobertas de penas brancas e podem nadar depois de um mês e voar com dois meses e meio. 

Os seus hábitos alimentares são baseados em peixes, tais como carpas, tainhas e tilápias. Os peixes grandes podem compor cerca de 90% da sua dieta, no entanto, também podem sobreviver alimentando-se de uma grande quantidade de peixes pequenos.


Muitos os confundem com os patos e gansos, pensando que são aparentados. Na dúvida, olhe para os seus pés. Os pelicanos têm quatro dedos unidos pela membrana interdigital, enquanto os patos e demais anseriformes têm apenas três. 

Como se alimentam de peixes, os pelicanos foram algumas das aves que sentiram primeiro a intoxicação dos inseticidas organoclorados, que foram muito usados no século XX. Os inseticidas iam para as águas e ali acumulavam-se através da cadeia alimentar, e os peixes tinham grandes quantidades deles quando eram ingeridos pelos pelicanos.

Programas de conservação a eles e a outras aves foram criados quando se percebeu que elas eram sensíveis a contaminações por inseticidas organoclorados como o DDT e o BHC, e aquilo que era usado para controlar as pragas no campo também estava matando os seus predadores.