segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Subindo paredes...

A osga-moura, conhecida cientificamente como Tarentola mauritanica é uma espécie muito vulgar em Portugal, sendo mais abundante no centro e sul do país e mais rara a norte. Esta osga tem tamanho médio, atingindo cerca de 8,5 cm. Tem um aspecto achatado, com uma grande cabeça bem destacada do corpo, com olhos grandes e redondos sendo de coloração dorsal acastanhada, esbranquiçada ou acinzentada.

Gostam de viver em zonas rochosas ou pedregosas, mas também se dão bem em zonas urbanas, onde aparecem principalmente em muros, habitações velhas ou troncos apodrecidos, mas também em casas habitadas. Hibernam entre Novembro e Fevereiro e antes de hibernarem, aparecem durante o dia pois gostam de apanhar um pouco de sol, enquanto que no verão é mais comum só aparecem de noite, pois tentam evitar as horas de maior calor.

Este pequeno anfibio é muito voraz, sendo a sua alimentação quase exclusivamente feita de insectos. Por vezes, comem ainda lagartixas juvenis ou osgas juvenis da própria espécie.

Apesar de para nós humanos ser ainda impossível caminhar no tecto da nossa casa, todos já vimos osgas a fazê-lo. Este fenómeno é possível devido aos pés das osgas estarem cobertos de microscópicos pêlos (cerca de 5000 por milímetro quadrado, o que dá cerca de meio milhão em cada pé) chamados setas. Os cientistas verificaram que as setas formam rapidamente ligações inter moleculares por forças de Van Der Waals (forças eléctricas relativamente fracas que atraem entre si moléculas que são em média electricamente neutras). Mediram ainda a força que um destes pêlos é capaz de aguentar, concluindo que este valor varia de acordo com o ângulo de aplicação da força. Se todas as setas de uma osga estivessem em contacto com o tecto, seriam capazes de suportar cerca de 10 kg!! No entanto, rapidamente se libertam quando a força é aplicada num ângulo particular. É um processo semelhante à fita-cola: impossível descolar quando a puxamos verticalmente, mas facilmente se liberta quando começamos numa ponta a puxar num certo ângulo. Este é o segredo que permite caminhar no tecto!


A importância deste estudo vai para além do entendimento da biofísica dos pés das osgas. Uma melhor compreensão deste fenómeno pode permitir o desenvolvimento de novas formas de adesivos sem cola, ou de "pés" para máquinas que necessitem de se deslocar em superfícies muito inclinadas... mas continuamos longe do dia em que caminharemos nas paredes dos prédios!

É crença comum que estes animais são perigosos e venenosos (mas tal não passa apenas de um mito), e por essa razão sempre que as pessoas os vêem tentam matá-las, o que põe em causa a sobrevivência da espécie. Um dos meios para contradiar esta situação passa por utilizar o Ecoturismo na preservação desta espécie, sensibilizando os turistas e as populações locais para a utilidade destes animais como forma de controlar as populações de insectos.

Nota --» Para saber mais acerca do Ecoturismo visite:

http://www.ecotourism.org/site/c.orLQKXPCLmF/b.4832143/k.CF7C/The_International_Ecotourism_Society__Uniting_Conservation_Communities_and_Sustainable_Travel.htm