Os pirilampos são insectos pertencentes à ordem Coleoptera, tal como as joaninhas ou os besouros. Uma das características marcantes da morfologia dos pirilampos é o seu dimorfismo sexual: as fêmeas de muitas espécies são ápteras e possuem élitros vestigiais, diferindo claramente dos machos e assemelhando-se às larvas (que não possuem asas nem élitros).
A coloração é geralmente em tons de castanho, mas muitas espécies apresentam cores vivas, nomeadamente no tórax, que pode ser total ou parcialmente vermelho, laranja ou amarelo. A característica mais familiar dos pirilampos não diz respeito, contudo, à morfologia ou à coloração, mas ao facto de todas as larvas e os adultos de grande parte das espécies emitirem luz, tornando-se visíveis ao crepúsculo e início da noite. Esta emissão de luz resulta de uma reacção química na qual uma substância, denominada luciferina, é transformada por acção da enzima luciferase. Trata-se de uma reacção extremamente eficiente que praticamente não envolve a produção de calor, com cerca de 90% da energia a ser convertida em luz visível (numa lâmpada incandescente apenas 10% da energia é transformada em luz). Segundo a teoria mais aceite, as larvas emitem luz para protecção, avisando os predadores de que possuem substâncias químicas nocivas. Por seu turno, os adultos utilizam a luz para atrair e encontrar parceiros e, nalguns casos, para atrair presas (outras espécies de pirilampos). Nas espécies cujos adultos não emitem luz, os parceiros encontram-se através de feromonas.
Conservação
O estatuto de conservação dos pirilampos é actualmente desconhecido em Portugal, devido às lacunas de informação sobre a sua distribuição, ecologia e factores de ameaça, para além do inventário não estar ainda concluído. Como ocorre com todos os seres vivos, a conservação dos pirilampos está intimamente ligada à preservação dos seus habitats. Uma vez que a visualização, pelos machos, da luz emitida pelas fêmeas é essencial para a reprodução de numerosas espécies, as condições de obscuridade natural ao crepúsculo e início da noite constituem também uma característica fundamental do seu habitat. Por essa razão, a poluição luminosa interfere com os movimentos e o comportamento reprodutor através da atracção, pelas fontes de iluminação artificial, dos indivíduos em busca de parceiro, distraindo-os dessa busca e provocando uma redução da eficiência reprodutiva das populações. Outro aspecto fundamental para a sua conservação relaciona-se com o facto de se tratar de predadores especializados em moluscos e minhocas, tendo o uso de pesticidas para controlo de caracóis e lesmas um efeito negativo pela redução da disponibilidade de alimento.
Espécies citadas de Portugal:
- Lampyris (Lampyris) iberica Geisthardt, Figueira, Day & De Cock, 2008
- Lampyris (Lampyris) raymondi Mulsant & Rey, 1859
- Lampyris (Lampyris) noctiluca (Linnaeus, 1767)
- Nyctophila reichii (Jacquelin du Val, 1859)
- Pelania mauritanica (Linnaeus, 1767)
- Lamprohiza paulinoi E. Olivier, 1884
- Lamprohiza mulsantii (Kiesenwetter, 1850)
- Phosphaenopterus metzneri Schaufuss, 1870
- Phosphaenus hemipterus (Goeze, 1777)
- Luciola lusitanica (Charpentier, 1825)
Para o observador:
Nas zonas temperadas, durante o verão, é possível ver pirilampos num período de cerca de duas semanas, especialmente em noites quentes e húmidas.
Nota: Se apanhar um pirilampo, segure-o cautelosamente e solte-o depois de o ter observado/estudado. Estes insectos estão a desaparecer devido à poluição, pelo que devem ser cuidadosamente tratados.
Adaptação de José Manuel Grosso-Silva, Sónia Ferreira,Pedro Sousa e Patrícia Soares-Vieira (CIBIO-UP)
Relembrar o passado!
ResponderEliminarQuando era muiudo havia por aqui muitos destes insetos, recorda-me que cheguei a apanhar alguns para ter uma lanterna dentro de uma caixa de fósfuros, a surpresa é que nunca foncionava, ao contrário dos grilos que cantavam dentro das mesmas selas improvisadas.
Já não me recorda a ultima vez que vi um destes insetos por aqui.
foi bom recordar, valeu.
Acabei de encontrar um pirilampo igual ao da primeira foto daí ter vindo à procura de info e encontrado este blog.
ResponderEliminarQual é a especie?
No inicio pensei que fosse uma femea pois nao me pareceu que voasse e a luminusidade é verde fluorescente. Mas a forma do corpo parece-me de macho voador.
Caro leitor,
ResponderEliminarnão lhe sei dizer qual a espécie em questão... A foto que coloquei foi meramente ilustrativa.
No entanto, é sempre bom saber que há pessoas que continuam a desfrutar da magia de ver um animal destes e partem em busca de informação.
Obrigada pelo seu comentário.
Parabéns pelo estudo feito aos pirilampos. Apesar de minúsculos mais de muita serventia na natureza.
ResponderEliminarSite -www. historiasdaraimunda.com
blog armasfalantes.wordpress.com
Conto contigo. Obrigada. Raimunda Cardoso
Muito interessante, obrigado!.
ResponderEliminarDeixo aqui o meu blog: http://pirilampos-lightalive.blogspot.pt/
Vi 1 apouco sou de Setubal
ResponderEliminarVi alguns no meu jardim na semana passada. Talvez uns 10. (zona de Santarérm).
ResponderEliminarboa noite...tive o prazer de ver centenas deles juntamente com o meu filho de 7anos...simplesmente espetacular...(zona de famalicao)
ResponderEliminarJorge, tenho que lhe perguntar. Sou das redondezas (Aves) e não vejo os bichinhos há anos. Uma das minhas primeiras e mais queridas memórias é do meu pai a levantar-me da cama para os ver no jardim, todos num muro de nossa casa.
EliminarSe não for intromissão perguntar, onde é que os viu?