sexta-feira, 6 de maio de 2011

Conservação da gralha-de-bico-vermelho

A forte regressão das gralhas-de-bico-vermelho a nível nacional e internacional, levou-a à sua inclusão na lista do Anexo I da Directiva Aves (79/409/CEE, alterada pela Directiva 85/411/CEE), a qual é destinada às espécies de aves de interesse comunitário cuja conservação requer a designação de zonas de protecção especial. A publicação do Livro Vermelho dos Vertebrados tem vindo a reflectir a regressão na distribuição da espécie, que de acordo com as categorias da UICN, em 1990 atribuiu-se-lhe o estatuto de “Vulnerável” e em 2006 a espécie passou a inscrever-se na categoria de “Em Perigo”. Uma estimativa fiável de 2007 apontava para a existência de 700 a 1000 indivíduos e de 140 a 285 casais reprodutores. As causas apontadas para a regressão da espécie parecem estar ligadas ao abandono do pastoreio extensivo e da agricultura tradicional, com a consequente desenvolvimento dos estratos herbáceos e arbustivos, à intensificação da agricultura associada ao uso de agro-químicos. Existe também a hipótese de haver alterações ao nível do sucesso reprodutivo da espécie que podem potenciar o seu declínio no médio longo prazo.



Conscientes da situação pouco favorável, em que se encontra esta espécie, a Quercus, com o apoio da Vodafone Portugal e da Cooperativa Terra Chã, iniciou em 2008 o projecto de “Conservação da Gralha-de-bico-vermelho na Serra dos Candeeiros” no âmbito do programa “Criar Bosques, Conservar a Biodiversidade 2008-2012”. O objectivo do projecto consiste em conservar a gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) na serra dos Candeeiros, com recurso à manutenção e incremento de áreas de pastagens extensivas para o pastoreio de gado caprino, com condicionamento do encabeçamento, que se traduzam na melhoria do habitat de alimentação da espécie. Pretende-se igualmente fomentar actividades económicas que criem dinâmicas de desenvolvimento local ligadas aos produtos tradicionais e ao turismo de natureza. Este projecto tem a duração de cinco anos (2008-2012).



Identificação
As aves adultas são inconfundíveis, com o seu corpo preto, e patas e bico vermelhos, sendo este comprido e fino, e encurvado. Os mais jovens têm o bico amarelado. Geralmente gregárias, as
gralhas-de-bico-vermelho são bastante vocais, emitindo um som metálico bastante característico e fácil de identificar.


Abundância e calendário
A Gralha-de-bico-vermelho tem o estatuto de conservação de "Em perigo", tendo, em Portugal, uma distribuição muito fragmentada, estando presente em algumas zonas de falésias costeiras, em zonas montanhosas rochosas e vales fluviais escarpados. Sendo uma espécie essencialmente residente, pode ser encontrada durante todo o ano nos locais onde ocorre. É uma espécie bastante fiel aos locais de cria, sendo raramente observada fora da área normal de distribuição.



Onde observar
As áreas tradicionais de ocorrência são mais numerosas a norte que a sul.
- Entre Douro e Minho – Presente unicamente na serra da Peneda, mas em números baixos, pelo que a sua observação pode não ser muito fácil.

- Trás-os-Montes – Pode ser encontrada nos vales do Douro Internacional, nomeadamente junto a Miranda do Douro e na barragem do Picote. Também ocorre na serra do Alvão e na parte oriental da Serra do Gerês.

Litoral centro – Distribui-se pelas serras de Aire e Candeeiros.

Beira Interior – Irregular nesta região, ocorre esporadicamente na Serra da Estrela, onde deverá ter nidificado no passado.

Lisboa e Vale do Tejo – não ocorre habitualmente nesta zona, mas por vezes observa-se na Serra de Montejunto.

Algarve – o cabo de Sao Vicente é talvez o melhor local de observação desta espécie em Portugal, pela facilidade de detecção. Ocorre também em Sagres.


Adaptado de Aves de portugal e Quercus.

1 comentário:

  1. Boas cá pelo norte nunca dei conta destes melrros grandes, bom, o bico vermelho não lhe fica lá muito bem.
    Agora a serio nunca me deparei com elas, pelo menos não identifiquei, vou estar atento este fim de semana, vou passar junto da serra da peneda em direção a Castro Laboreiro talvez deslunbre alguma.

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